terça-feira, 27 de outubro de 2015

Educação Sexual, qual a sua importância?

A educação sexual tornou-se objeto de estudos nas últimas décadas e promove um grande número de trabalhos, pesquisas, cursos e campanhas em torno de si.  E isso ocorre, sobretudo, como direta consequência dos consideráveis progressos feitos não só pela Sexologia em si, como principalmente pela Psicologia e Psiquiatria no estudo e descobertas das raizes sexuais da conduta humana e dos seus múltiplos desvios, como a Psicose e a Neurose. Se por um lado verifica-se a imensa importância do desenvolvimento psicossexual na maturação e integração da personalidade, no equilíbrio emocional, no ajuste evolutivo em face das solicitações biológicas e sociais e, em suma, em todo o estado de saúde psíquica, por outro lado verifica-se também de maneira evidente e bem documentada pela pesquisa clínica, a influência das anomalias e alterações da vida sexual na gênese de numerosas situações psicopatológicas, desde o simples quadro neurótico até graves condutopatias, ou seja, neuroses de caráter e psicoses declaradas.

Daí a consequente atenção ao papel da sexualidade na dinâmica do psiquismo individual e às suas ilimitadas repercussões no desenvolvimento das inter-relações humanas. Importante então, a compreensão da necessidade de se ter uma educação sexual, destinada a minimizar os maus efeitos resultantes de erros, preconceitos, frustrações, temores, enfim, dificuldades de toda sorte na procura e obtenção da plenitude fisiopsicossexual. Com isso, uma certa necessidade de uma educação sexual ministrada no devido tempo, às crianças, adolescentes e até mesmo a adultos.

Desde o início, a criança demonstra curiosidade por seu corpo, embora de maneira diferente e em nível diverso que o adulto.A partir dos três para quatro anos começará a fazer perguntas a respeito de si própria e do lugar de onde veio. Perguntas que tem o direito de formular, sem medo nem vergonha. E todas elas devem ser respondidas, todas as dúvidas devem ser esclarecidas, verdadeira e honestamente, dando-se à criança informações suficientes para satisfazer sua curiosidade imediata. Nessa idade, uma ou duas frases de sentido ambíguo quase sempre são inadequadas.

O sexo é fundamental na natureza, e o fato da criança interesar-se por ele, constitui um fenômeno perfeitamente normal. Muitos psicólogos veem na atitude de uma criança perante o sexo em seus primeiros cinco ou seis anos de vida, um dos mais importantes fatores para a configuração de seu desenvolvimento e de toda sua vida futura. Esta atitude começa a delinear-se com o ato de viver. Tudo o que ocorre com a criança ou em seu ambiente, a deixa uma marca sutil. Muitos especialistas acreditam que a educação sexual começa no lar e com o nascimento.

A atitude dos pais com referência ao sexo e o modo de se tratarem um ao outro, irão possivelmente se refletir na criança. Se a mãe associa ao sexo a idéia de sofrimento ou perigo, se considera o fato de ser mulher uma sobrecarga e a maternidade um sacrifício, pode aos poucos legar à criança sementes de problemas que poderão perturbar sua vida no futuro. Da mesma maneira, o pai que trata a esposa como um ser inferior, pode provocar na criança uma atitude sexual capaz de originar conflitos íntimos, os quais poderão vir à tona em algum momento da vida, após permanecerem ocultos por um longo tempo.

A criança logo observa diferenças entre homens e mulheres, seja na voz, no aspecto anatômico, no modo de vestir, observa a presença de barba no homem, as diferentes tarefas que executam o homem e a mulher no lar, etc. Em um onde exista calor humano, amor e sinceridade, a criança irá sentir encorajada a formular livremente as perguntas sobre estas diferenças e a si própria. Se o pai e a mãe se mostram inibidos ou evasivos, ou se o assunto sexo é considerado tabu, a criança pode também chegar a encarar o sexo ou as partes a ele referentes em seu corpo, com nojo ou vergonha e no devido tempo terá um conceito equivocado de sexo, considerando-o algo ilícito, ao contrário de um processo natural.

Uma das principais dificuldades com a qual os pais se deparam ao tentar dirimir as dúvidas das crianças, é a falta de vocabulário adequado. A criança que aprende de outras crianças coisas sobre sexo, geralmente o faz através de palavras carregadas de associações maliciosas. Os pais que querem evitar isto veem-se frequentemente em situação de dificuldade para encontrar termos ou uma maneira adequada de abordar a questão. O conhecimento de termos mais adequados, lhes permitirá responder às perguntas das crianças com simplicidade e naturalidade, sem eufemismos ou inibição. O sexo esta presente em toda a natureza, entre as plantas e os animais, os mamíferos, os peixes e o simples conhecimento de biologia pode ajudar os pais a dar alguma explicação mais exata e sem grande dificuldade. Contudo, é preciso cuidado com comparações com o que se verifica na natureza, uma vez que o sexo ultrapassa, na espécie humana, as dimensões puramente biológicas e reprodutoras.

A educação sexual que constitui matéria nos cursos regulares para crianças em idade escolar e posterior, nos primeiros anos de vida não deve ensinar o que a criança não perguntar, embora seja necessário dizer a verdade, não é obrigatório que se lhe diga de uma vez toda a verdade. A criança de quatro a cinco anos, não exige nem pode compreender informações pormenorizadas. Tudo o que necessita são umas poucas palavras até que as tenha assimilado e volta a questionar, talvez muitos meses mais tarde. A verdade a ser dita deve ser a verdade ao alcance da criança.

Tudo o que for dito a criança por meio de generalidades ou comparações nos primeiros anos, e mais detalhadamente na adolescência, deverá ser dito com naturalidade. O sexo faz parte da vida e tem de se apresentado sem ênfase especial a um ser impressionável como é a criança. Se em seus primeiros anos de vida a criança recebe explicações verídicas, embora simples, ela se encontrará mais bem preparada para enfrentar as situações que surgirem na puberdade. Nessa idade, acumulam-se mudanças, e junto às transformações físicas, estes se veem assaltados por novas dúvidas, inquietudes e as vezes temores. A criança de antes agora necessitará de explicações adequadas às alterações físicas, compreensão total dos assuntos sexuais e de que a atração sexual é algo perfeitamente normal e acontece a todas as pessoas.

O rapaz assim melhor preparado poderá aceitar sem temor as mudanças que estarão ocorrendo e as moças, pelo fato de atingirem a puberdade mais rapidamente do que eles, geralmente necessitam de uma atenção mais precoce. Acrescentamos a isto o fato de que a vinda da primeira menstruação para uma menina desavisada e cheia de temores, pode ser uma experiência traumatizante. Da mesma forma, o rapaz que não tenha compreensão dos fenômenos do sexo, pode sentir alguma dificuldade ao se deparar com uma ejaculação noturna.

Assim sendo, quais seriam os fins principais de uma educação sexual? Em primeiro lugar, retirar do sexo o aspecto de mistério e pecado e deixar bem claro que se trata de algo bastante natural e que deverá ser entendido e aceito sem constrangimentos. Em segundo lugar, esclarecer aos jovens sobre a sexualidade, sua anatomia e fisiologia, proporcionando-lhes conhecimento a cerca de si. Em terceiro lugar, deixa-los a par das inevitáveis solicitações  da libido, das situações que poderão surgir a partir daí, das frustrações possíveis de acontecer, das prevenções saudáveis, de uma higiene mais correta, etc.

A chamada psiquiatria profunda ou psicodinâmica que procura desvendar mais profundamente o comportamento, através de pesquisas, apresenta que uma das fontes mais frequentes de impactos emocionais, de angústia e variados sintomas nervosos nos adultos dos dois sexos, costuma residir na falta de plenitude na atividade sexual. Excessos, deficiências, inibições, egoísmos, abandonos, brutalidades, perversões, depravações e uma série de fatos que determinam descontentamentos, insatisfações, irritabilidade, amargura, revolta e ódio. A vida sexual precisa constituir-se em uma razão não apenas de prazer mas também de bem estar. 

Alexandre de Abreu Valle - Psicologia Clínica
Cruzeiro - Cidade Nova
Consultas agendadas pelo telefone: (31) 984093040


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Criança obesa é criança saudável?

Por muito tempo as crianças foram tratadas na literatura e mesmo no dia-a-dia da humanidade como pequenos seres desprovidos de vontade própria. Hoje a criança já foi elevada para uma classificação mais adequada. Entretanto, as arbitrariedades contra essas crianças continuam sendo praticadas. Além das péssimas condições de vida, muitas ainda são obrigadas a suportar as violências dos adultos, normalmente pessoas também marginalizadas ou apenas doentes, que aproveitam a fraqueza infantil, para exercer um certo poder. Por isso, devemos esperar que a Declaração Universal dos Direitos da Criança seja colocada em prática de forma plena. A criança sofre muito as consequências de tudo, justamente por sua condição de estar aberta a todo tipo de influência. O homem é o ser que tem a infância mais longa, sendo por isso extremamente dependente. Assim, as relações pessoais tem enorme importância no processo de desenvovimento da criança.
Os mitos, os tabus e as neuroses acabaram transformando a alimentação, de ato natural, em um problema complexo e delicado. Mães vivem preocupadas com a saúde de seus filhos e tem o hábito de relacioná-la com a quantidade de alimentos consumidos. Elas se esquecem, entretanto, que obesidade não é sinônimo de saúde.
Nos últimos 50 anos os conceitos sobre o peso das crianças mudaram bastante. Vários são os fatores que determinam o peso da criança. Há os de caráter ambiental e aqueles que são de consequência das condições físicas e fisiológicas da gestante. Por exemplo: uma mãe diabética poderá dar a luz a um bebê com mais de 4 quilos. Pediatras costumam afirmar que a vida da criança que nasce muito obesa será, fatalmente complicada. Células gordurosas de seu organismo solicitarão uma alimentação reforçada, e será provável que a obesidade o acompanhe durante toda a vida.
Embora o sonho da maioria das mães seja ter um bebê robusto e cheio de dobrinhas na pele, os cuidados com o filho rechonchudo demais devem ser os mesmos que se dão aquele que está abaixo da tabela estabelecida pelo pediatra.
A criança excessivamente gorda tende a se tornar um adulto obeso, forte candidato a hipertensão arterial, problemas vasculares e outras moléstias que coexistem com a obesidade. Isto porque células adiposas (de gordura) não diminuem em número, ao contrário aumentam sempre. Elas podem diminuir de tamanho, mas crescem novamente e com facilidade, daí a dificuldade de se manter o peso normal indicado para cada perfil de individuo.
A alimentação, um ato natural, não deveria constituir o menor problema se não estivesse cercada por tantas singularidades. Quem tem fome come, é esta a lógica da sobrevivência. Costuma-se muito observar em mães, principalmente as inexperientes, acreditarem que seu filho não mama de maneira correta. Na verdade esta preocupação costuma ter fundo psicológico: a mulher estaria desejando interromper a amamentação, mas recusa-se a aceitar esta sua vontade. Prefere então, considerar fraco e insuficiente o seu leite e "inventa" uma série de problemas.
Antes de tudo é necessário saber que cada indivíduo possui as suas próprias necessidades, e que são inteiramente diferentes das dos outros. Uns comem mais, outros comem menos; uns engordam mais, outros menos. Mas também pode acontecer o contrário. Forçar uma criança a se alimentar poderá trazer problemas futuros. Veja, se você não quer comer, com certeza faltou apetite ou até quem sabe, você não simpatizou-se com o prato. E você não gostaria se alguém o forçasse a comer. Isso acontece também com as crianças.
Ela passará a considerar como uma agressão um ato que deveria ser tão natural. Relacionará o comer com fatos desagradáveis. Alimentar-se é uma necessidade que a criança tem para com ela mesma e portanto, deve faze-lo quando tiver vontade. Com o tempo, ela descobrirá que se alimentar pode trazer muitas preocupações aos pais e assim poderá começar a fazer chantagens: "Eu como, mas você tem que fazer isto". As exigências poderão alcançar um nível insuportável. Cabe à mãe o dever de mostrar ao seu filho que comer é normal. Se ele se recusar a fazê-lo não se preocupe: onde há comida não se morre de fome.
Quando uma criança não quer comer pode ser que se trate de alguma doença orgânica, entretanto, muitos outros fatores podem estar influindo nessa atitude de repulsa. E são tão variados que, diante do problema, não se pode estabelecer padrões de procedimento. Há casos de babás e mães que, sem maiores problemas conseguem que as crianças comam na base de intimidação. Sabe-se que nem sempre esses procedimentos tem efeitos prejudiciais no desenvolvimento da personalidade infantil. Entretanto, sabe-se também que o risco de provocar tais efeitos é grande, assim como pode modelar a formação do caráter da criança.
São conhecidos também os inconvenientes dos procedimentos contrastantes quando a criança é tratada por duas ou mais pessoas ao mesmo tempo. Às vezes, a mãe é condescendente e o pai é repressivo. A criança sofre com a contradição dos dois estilos.
A reação negativa diante do alimento é natural por ocasião do desmame, e posteriormente com as mudanças e variações da dieta no processo de crescimento. Ela se torna problema maior quando a frequência for insistente, ou associada justamente a pressões punitivas. O bom humor para lidar com esta situação é fator importante de equilibrio para as pessoas que se relacionam com estas crianças, pois estas têm a tendência a copiar suas atitudes. É aconselhável lembrar nessas horas que a alimentação deve ser uma ocasião agradável, um prazer, e não um pesadelo para as crianças.
As crianças cujas necessidades orgânicas são satisfeitas diariamente pela ingestão de alimentos adequados, tem boa saúde, e a demonstram por meio de certos sinais. Têm músculos fortes, boa postura, pele elástica, cabelos sedosos e olhos vivos. Possuem bom apetite e dormem bem. Sua digestão é boa e as evacuações normais. Não se cansam facilmente. Gostam de brincar, são ativas e têm interesse pelo seu ambiente.
Apesar de um regime alimentar adequado ser essencial à manutenção da saúde, é preciso lembrar sempre que esta depende, também de outros fatores. As crianças devem brincar fora de casa, ao ar livre, exceto em condições climáticas inapropriadas. O jogos que fazem com que a criança se movimente são bons para manter o organismo em boas condições de saúde e servem para estimular o apetite. O repouso porém, é indispensável, servindo para contrabalançar os exercícios de maior queima de energia. A criança, principalmente o adolescente que gosta de ouvir música, ler um livro, ou simplesmente ficar deitado a sonhar, pode ser considerado feliz, pois o organismo precisa tanto de exercícios como de repouso para manter-se em perfeito estado de funcionamento.

Alexandre de Abreu Valle - Psicologia Clínica
Cidade Nova - Cruzeiro
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